quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pandora - Parte II (Final)

Rosto em brasa, não fui capaz de responder.
-Gostaria, amigo, que esquecesse as mulheres dessa casa, são todas minhas.
-Não poderá mantê-las pra sempre junto de si.
-Ao menos suas não serão;isso já é um alivio pra um pai.
-Estou avisado. Fecharei meus olhos pra elas.
-Cegue-os se for necessário.
Tantas prevenções contra mim, um amigo de todos da casa... Aquela conversa quebrou o meu humor que estava sendo testado desde a minha chegada.Passei em frente ao quarto de Pandora,era necessário e impossível não fazê-lo;os quartos dos filhos de Reginaldo ficavam no corredor,dispostos da seguinte maneira:o quarto de Nívea era o maior e mais espaçoso,também o primeiro,no meio ficava o de Pandora,sempre com suas caixas na penteadeira,no final o do rapaz,era ao lado dele que eu dormia.Não possuíam quartos pra hóspedes,e no final das contas,eu não era um.
Parei em frente à porta entreaberta do quarto do meio,observando-a,parecia morta.Entrei.Naquele momento começava a quebrar a promessa feita ao meu amigo.
-Feche a porta. Disse ela.
-Temos algum assunto importante a ser tratado?
-Você parece acreditar que sim.
-Achei que estava morta.
-Mortos não caminham como eu. Aproximou-se, me beijando. Os lábios daquela jovem mulher colaram-se aos meus de uma forma convulsa.
-Pare.
-Foi pra isso que veio aqui.
-Achei que estava morta.
-Que truque sem sentido. Mentindo pra Pandora?
-A que possui todos os dons...
-A própria.
-A mulher que abriu a caixa e soltou todos os males sobre a terra. Você é ruim.
Abanou a cabeça. Mordiscou a boca.
-Se eu abrir a caixa todos os males se abaterão sobre mim.
-A esperança não seria uma compensação?
-Nem sobre essa égide eu estaria a salvo.
-Vá embora. Meu pai te dará o que deseja. És livre pra desposar Nívea ou pra namorá-la,como queira.
-Não entendo.
-Pandora meu caro, Pandora... Medite sobre ela.

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