-Sou muito
sincera Jurema. A sinceridade é meu lema.
-Marli, você
sincera? Desde quando?
-Desde sempre ora
bolas. Desde quando nasci.
-Já está
mentindo!
Marli olhou a
amiga com raiva. Em tantos anos de amizade, amizade sincera até ali, como
Jurema ousara desconfiar dela daquela maneira, acusá-la sem motivo?
-Não se enerve
dessa maneira querida... Disse Jurema.
-Querida? Assim
que você paga mais de 30 anos de amizade?
-Olha, agradeço
sua amizade, seu companheirismo esses anos todos, mas... Não quero parecer forçada,
contudo, sincera mesmo amiga, você não é.
-E, ainda vem com
essa!!Vocês estão vendo... Estão todos de prova.
-Todos quem minha
velha? Só estamos nós duas aqui no terraço.
-Você não vê? Não
escuta os rumorejos das falas dos que nos leem? As risadas? As entortadas de
cara que estão dando ao "nos verem"?
-Já que é assim
façamos um trato. Propôs Jurema.
-Eu aceito.
-Marli... Você
nem sabe o que é...
-Nem preciso.
Marli, a sincera,
segundo as próprias palavras e Jurema a amiga desconfiada, como nós podemos notar,
fizeram um trato; juntas na varanda prometem uma pra outra a partir daquele
momento só falarem a verdade.
Jurema exige da
amiga um juramento especial...
-Que absurdo é
esse Jurema?
-Ou é isso ou
nada.
-Está feito.
Jurou diante daquela criatura ser uma mulher sincera. Jamais mentiu ou
mentiria.
Hoje entrei com
meus olhos e corpo invisível de narrador que quase tudo sabe na casa de
ambas....Meu Deus! E o que vi?Marli,a dita dona da sinceridade mundial escondia
bolinhos de chuva nos bolsos do avental, driblando o diabetes como ela só seria
capaz de confessar pra si mesma, já aos outros? Nunca houve na Terra alguém que
seguisse a dieta recomendada tão à risca.
Na casa de Jurema
não foi diferente. A mentira era menor, mas ainda assim mentira...Joaquim
achegou-se perto da mulher e perguntou:
-Jurema, o café
está pronto?
-Oh, meu velho
amanheci doente. As varizes estão atacadas. Doem...
-Sente aí. Vou
buscar o jantar.
Logo o marido saiu,
era uma quarta... Todos sabem dia de jogo, mas também e infalivelmente dia de
novela. Como ia dizendo tão logo o marido saiu a mulher trocou o canal e tocou
a assistir a novela.
Uma semana se
passou. Duas. Nada. Nenhuma delas descobria a mentira da outra.
Olharam-se longamente.
Uma reverenciou a seriedade e dignidade da outra. O pacto havia sido levado a sério.
Eram sinceras.
Haviam jurado a
Gepeto que não eram mentirosas. Pinóquio revoltado assistiu aquela cena maquinando
algo pra vingar-se das duas; nem ele escapava das mentiras, elas deveriam
escapar? O que fazer?
Lembrou-se do
Saci. Pediu ajuda ao “mago bruxo” das florestas.
No dia seguinte
as amigas viram-se envergonhadas. Viraram dois bonecos de madeira.
Adoro seus contos.. leio e releio em segredo.. oops.
ResponderExcluir??????????????????????
ResponderExcluirsrrsrssssssssssssssssssss
Quanto ao conto, "tem gente que infelizmente nem sente que mente a verdade que diz"
e assim caminhamos todos.
Bjs