Burburinho intenso. Pessoas se acotovelando pra entrar no
ônibus. Nesta noite Luana não era uma delas. Não precisaria enfrentar empurrões
ou ouvir a gritaria da garotada que enchia quase metade do veículo naquele
horário. Onde estaria nossa mulher?
E o pobre escritor dessa narrativa foi encontrá-la chorosa,
infinitamente mais pobre do que ele próprio. Sentada no chão da cozinha pernas
estendidas, mãos trêmulas, pratos sujos na pia. Era a expressão do desalento.
-Luana, o que houve? Você está bem? Disse Carlos – O marido.
Eu, narrador aproximei-me dela sem ser visto por seu esposo,
característica específica de pessoas como eu, alisei o seu lindo rosto nodoado
por lágrimas espessas que caíam insistentemente. Quis pô-la em meu colo, mas
não foi possível, antes que eu tentasse Carlos o fez. Afastei-me então do casal
e vi que eles conversavam.
-Não sei como te dizer isso...Mas eu não tive culpa. Seu
corpo tremia nos braços dele que a estreitava cada vez mais de encontro a si. Carlos
parecia adivinhar a cena.
-Sei que não foi culpa sua. Ao dizer isso observou as mãos
da mulher sobre o ventre o que comprovava as suas suspeitas.
-Perdi Carlos. Eu perdi...
-Não diga nada Lu. Imagino o que houve. Também dói em mim.
Os espasmos e tremores foram cessando aos poucos até que ela
adormecesse em seus braços.
Carlos tateou os bolsos em busca do celular.
-Minha esposa acabou de perder nosso filho. Aborto espontâneo.
Preciso de ajuda.
Continue assim ;)
ResponderExcluirAmo ler teus escritos! Parabéns pelo talento!
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