Alice e Miguel, mãe e filho, haviam mudado pro
bairro Alameda dos Ipês há pouco tempo... Naquela época eles eram muito comuns
por ali. Dos roxos aos amarelos eles enchiam a vista de todos que ali passassem.
O garoto contava então quase sete anos, curioso que
era estava quase chegando na idade da razão, vivia até aquele momento sua
primeira infância.
-Miguel que tanto você olha na janela?
-Nada mamãe.
-Todo dia de tardezinha você fica aí parado, deixa
de estudar ou brincar, sempre as mesmas horas pra vir olhar a janela.
-Gosto de ver as pessoas passando.
Pequeno que era ele ficava na pontinha dos pés
observando aquilo que era seu alento o seu amor. Havia posto seu nome de Laura.
Era mesmo linda. Qual seria seu verdadeiro nome?
Laura era morena, cabelos negros e cacheados sobre
os ombros, aparentava ter a mesma idade do Miguel. Ficava ali também nas mesmas
horas, parecia sempre olhá-lo. Costumava acontecer de Alice chamar o filho ou
esse distrair-se rapidamente com algum pequeno brinquedo ou passante, o fato é
que ao retornar ela já não estava lá e o seu peito infantil se comprimia em
saudades.
Depois de uma ou duas semanas a mãe do Miguel
começou a notá-lo cada vez mais distraído e aéreo.
Já não tinha sono ou fome. Era um custo fazer com
que ele dormisse.
Esse garoto tá estranho pensou ela e com razão. Vou
leva-lo ao médico.Mas não foi preciso.
Um dia. Dois. No terceiro ele não aguentou. Esperou
uma distração da mãe e saiu.Bateu na casa da frente e esperou.
-Pois não? Oh, um garotinho, como se chama filho?
-Miguel. Vim ver a Laura.
-Quem é Laura?
-Ela mora aí com a senhora. É minha namorada.
-Não pode ser. Não tem nenhuma Laura aqui.
Dizendo isso o menino agoniado que estava fez menção
de entrar na casa.
-Espere. Disse Vivalda. Acho que sei o que se passa.
Entre e venha ver.
E tal não foi sua decepção ao ver a sua amada ali
diante de si. Não uma menina como imaginara. Mas uma boneca.
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