segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Nome era Rosa






-Interessante essa história.


-Foi bem mais que isso.

-Conta mais uma vez pra que eu possa guardar melhor.

-Num domingo bem cedinho atravessei a rua, comprei jornais e pão. Na volta ela estava lá.

-Como aconteceu isso? Sempre me faço essa pergunta quando você conta essa história.

-Eu não sei, ela simplesmente estava lá como se sempre houvesse existido: a flor do Drummond, "A Flor e a Náusea", Só não havia a náusea aqui. Pus-me a contemplá-la: era vermelha e pequena, mas ocupava toda minha atenção; sorri satisfeito pra mim mesmo e depois para ela... Voltaria mais tarde depois do almoço - ela ainda estaria lá ou seria esmagada pelos carros?

Milagrosamente ela estava e continuou ali no asfalto, sem que ninguém ousasse arrancá-la, crescia debaixo de minhas vistas e cada vez mais com os meus cuidados.

-Você voltava lá todos os dias?

-Claro! Por conta de que deixaria de voltar? Não só voltei nos dias e meses seguintes como passei a regar e conversar com ela, fui seu primeiro amigo, mas não o único; pessoas de vários cantos da cidade vinham vê-la. Naquele tempo eu devia contar uns 20 ou 22 anos, guardava comigo grandes sonhos e aspirações.

Os anos passaram me fiz homem e chefe de família. Minha mulher ciumenta de meu zelo pela flor quis mudar-se, relutei. Contudo cedi quando ela ameaçou cortar a rosa, então Patrimônio Nacional.

Com minha ida pra outra cidade murchei por completo e ela também... Perdemos o viço, veio a juventude - a madureza.

Alguns anos se passaram. Fiquei viúvo, com o fim do luto vendi a casa e retornei para a cidade.

Pus a melhor "roupa", meu coração saudoso; levei o regador, agora cuidaria dela como antes, conversaríamos tantas coisas, há anos não conversávamos...

Porém ao ver-me a minha flor e o meu amor recuperaram o viço, a cor...

Ali diante de mim ela tirou os pés do solo, veio ao meu encontro e me abraçou.

Estamos casados até hoje.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Conto de Natal


Não havia sinal do Natal ali; procurei os sapatos debaixo da árvore, não havia árvore. Senti fome e intentei cear com eles, a mesa estava deserta. Senti frio, não havia cobertas. Contrariando a tudo isto começava a sentir em meu peito raios de felicidade, uma esperança estranha tomava conta de mim... A hora estava cada vez mais próxima.

Com muito cuidado me debrucei na janela roída pelos cupins, lá no céu bem distante de mim, de nós, e de toda aquela miséria brilhava uma estrela, a maior de todas elas brilhava no céu, ela ofuscou minha vista, meus olhos aos poucos se encheram de lágrimas... Por entre o feixe luminoso vi quando ele se aproximava.

O trenó e as renas eram os mesmos das histórias infantis... Não havia saco de Papai Noel, nem presentes, ele trazia consigo três criaturinhas maravilhosas.

Desceram do trenó, a viagem estava no fim pra que pudessem dar inicio a tantas outras...

Pra meu espanto entraram na humilde habitação na qual eu estava.

-Somos tão feios pra que te assustemos assim?

Mal podia olhá-los tal a luz e a pureza que emanava de seus corpos.

Estavam diante de mim: José, Maria, e o menino Jesus embalado em seus braços.

O Noel sorriu docemente, contemplei aqueles olhos lindos e negros com satisfação, era o único deles que eu conseguia enxergar perfeitamente, sem ofuscamento da vista. Ele estendeu as mãos pra mim e pediu pra que eu as tocasse, fiz o que ele pediu... Eram cheias de amor e de paz. Uma felicidade sem sombras tomou conta do ambiente. Juntos tomamos a ceia aquela noite. Vi as luzes de natal entrarem naquela casa humilde, mais potentes e maviosas do que todas as luzes do mundo eram as luzes dos olhos daquelas pessoas, elas refletiam o amor.

Após a ceia, em silêncio, levantaram-se, pareciam prontos pra partir.

Jesus, ainda rebento, no colo materno olhou pra mim e disse:

-Estamos aqui hoje, filho, por que tu ousaste penetrar este casebre...Procurar essa família.

-Não havia ninguém...

-Foram tolhidos pelo frio e pela fome. Mas o PAI os restituiu em sua graça, eu te digo em verdade, muito em breve estarei com eles no reino dos céus. Quanto a ti...A partir de hoje farei morada em teu lar.

Chamou o Papai Noel e pediu pra que fossem embora, em algum lugar, havia muita chaga a ser extirpada, pessoas clamando por compaixão, gritos repletos de fomes e sedes... ELE estaria lá pra saciá-los e dessedentá-los.

Manhã seguinte acordei entre as ruínas daquela velha casa... Não havia sinal da estada daqueles indivíduos naquele casebre... Contudo dentro de mim, havia uma vela queimando, repleta de paz...Era a certeza que eu precisava, eles estiveram comigo e eu com eles.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A Batalha Final - Vampiros

Não esperem continuação,nem uma história comum sobre vampiros.

A rivalidade entre eles (os vampiros) existia desde os tempos imemoriais...Envolto em sua capa,retirou a espada da bainha,cravou na pedra,naquele mesmo local séculos mais tarde Rei Arthur tomou aquela espada por sua.Foi ali que ocorreu essa história.

Disputavam a primazia daquela linhagem de vampiros: Alucard,Vlad Dracull e Drácula; cada um deles dizia aos aprendizes de grandes vampiros ser superior aos outros dois, e ter dado origem a família mais importante do mundo.Conheci os três,eram sanguinários,impiedosos;portadores de uma arrogância e suposta superioridade asquerosa,exímios caçadores...Algumas vítimas simplesmente não sobreviviam.Há um limite de sangue a ser sugado das vítimas,ultrapassado o limite elas morrem,não viram vampiros,eles não desconheciam essa regra,contudo a sanguinolência deles estava dificultando a sobrevivência e continuidade daquela família.Foi nesse momento que um deles sugeriu uma batalha,uma batalha decisiva,só um deles sairia vivo.

Os pares de asas furiosas cortavam a noite,os demais vampiros assistiam a cena ansiosos,qual deles saria vencedor? Haveria um?Os mais ousados faziam suas apostas.Litros de sangue ao ganhador da aposta,tudo garantido.Quanto ao vencedor da batalha? Não pairava dúvida que ele reinaria de forma suprema sobre todos os outros,sobre suas asas e caninos afiados estaria o futuro do clã.

O círculo de fogo estava desenhado no chão,haviam chegado,seria a última vez que estariam juntos,os mortos-vivos.Dentes em fúria começa o combate.Vlad,o mais temido até então,abre suas asas,alça voo em direção ao Drácula, desferindo seu ataque,os dois lutavam em pleno ar,espadas ruidosas brigavam entre si.Alucard que até então assistia,juntou-se aos outros dois,ficara ali embaixo,em terra observando aquele duelo pra saber qual deles sairia vencedor,Drácula estava ferido no ombro,"juntaria-se"ao combate ao lado de Vlad,pra que o outro fosse eliminado o mais rápido possível.Agora tínhamos um dois contra um.

Tentou defender-se enquanto possível,contudo causou apenas alguns arranhões em Alucard e Vlad.Em pouco tempo de combate Drácula,mortalmente ferido,tombou sem sentidos no meio do fogo.

As criaturas riram diabolicamente vendo a outra queimar,só um vampiro é capaz de matar outro daquela maneira, os demais,os reles mortais precisam de estacas,balas de prata e acessórios afins.

-Vai desistir?Zombou Vlad.

-Só com você morto.Retrucou Alucard.

Nesse instante,o jovem vampiro retirou a mortalha de linho mostrando a cruz dourada em seu peito.

O velho vampiro sem entender muito bem a situação disse:

-Resolveu degenerar?

-Não me reconhece?

-Não.

-Fui o primeiro que você mordeu.

-Então está resolvido.Se até você admite que a linhagem foi fundada por mim quem seria ousado o suficiente pra tentar desmentir agora?

Alucard sacou a espada de prata,Vlad colocou-se na defensiva,dando um passo pra trás,abriu as garras e as asas,o outro aproveitando-se disso encurralou Vlad de encontro ao fogo,ainda houve tentativa de reação por parte dele:apertando-lhe um dos braços quase trincou os ossos do Drácula,já que pra os desavisados,Alucard também é um Drácula.Este rindo freneticamente como era de seu costume enterrou a espada de prata no peito do velho vampiro.

Quedado ao chão,morto,estava Vlad diante de sua primeira vítima...Um caçador de vampiros.

 

 

*Conto feito para Caio César Gravata e Mauro Sena. Dois grandes vampiros.