sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A Mão

-Até logo. Acenou pro rapaz.
Girou a chave na fechadura. Certificou-se que a porta estava bem trancada.
"Ufa estava livre de mais um pretendente a chato. Digo a namorado. Eram todos iguais a ele. Todos se afastavam com o tempo."
-"Você é muito diferente". Diziam.
"Você quer dizer que sou estranha"?
-"Claro que não. Te ligo amanhã".
Nunca mais nenhum deles ligava.

Num bar próximo rapazes conversavam.

-Pois é Raul, ela é muito estranha.
-Estranha como? Ela é de marte?
-Parece mesmo um E.T. aquela mulher.
-Ela é tão feia assim Saulo?
-Vânia é linda.
-E, então homem como ela pode ser um E.T?
-E.T. = estranha. Já disse pra você que ela é estranha. Preste bem atenção Raul: ela faz tudo com a mão esquerda.
-Ora, não seja besta ela deve ser canhota.
-Não é o caso. Garanto.
-Ela acena com mão esquerda. Segura objetos com a mão esquerda. Só penteia o cabelo usando essa mão, abre portas, fecha janelas ,gira maçanetas, faz carinho.
-Já te falei pra deixar de bobagens. Ela é canhota. Deixe isso pra lá.
-Qual canhota qual nada. Ela disse pra mim claramente:
-"Não uso a mão direita. Não gosto. Uso somente a esquerda pra tudo que pensar."
-E, qual o motivo desse grande terremoto Raul?
-Ela diz que o lado esquerdo é o lado do coração, da sinceridade. Veja se tem cabimento isso Saulo?
-O que não tem cabimento Raul é você não querer mais vê-la por causa duma bobagem dessa.
-Como bobagem? Ela é diferente,estranha. Uma garota de esquerda.

Raul levantou e deixou o amigo sozinho. Gostava de pessoas de esquerda. E Saulo decididamente não era uma delas.

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