sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Nascimento de Dalva.A Estrela.O Mito.


Admiravam a beleza da ampulheta. Do tempo que escorria ali, indo embora a cada segundo, a cada milésimo. Era manhã nascente, o Sol em todo seu esplendor mostrava seus raios fulgurantes, dourados, qual rica coroa de cabelos cor de ouro. Os primeiros raios tímidos temiam afugentar a quem esperava, a quem esperava com ardor milenar; mas a ânsia de tê-la consigo era demasiadamente grande pra que se calasse, ali do céu podia vê-la, a Lua; Ela dormia qual água calma de rio, serena, descuidada de si, de sua beleza e volúpia. Tentou chamá-la, foi em vão. Estava surda, seus clamores eram inaudíveis.

Taiana em seu desespero cutucou a irmã que observava do lado diametralmente oposto. O Sol em sua grande fúria e orgulho imenso, resolvera vingar-se dos humanos, mandou um calor abrasador à Terra, pra que queimasse tudo que havia, qualquer sentimento que nos irmanasse.

Verônica, a irmã mais moça, não menos assustada que a outra, espreitava uma cena... O tempo corria depressa entre seus dedos...O Rei das Alvoradas morria diante dela, pra que a Rainha da Noite pudesse ondear seus cabelos prateados pelos ares, através das estrelas ávidas por seus beijos. Como era bela! Em meio a constelações sem fim, ela reinava, comandava tudo com sua doçura e afabilidade; estava triste, saudosa, este sentimento foi tomando-a por completo, tornando-a cada vez mais cheia, exuberante, diáfana; ver-se ali diante do universo inteiro de estrelas sem a estrela Master, inundou-a de intensa melancolia, depressão profunda, seus olhos encheram-se de lágrimas, e chorou, chorou o mais belo pranto... Deus vendo isso teve pena. Olhou-a compassivo, estendeu as mãos em concha e aparou as lágrimas, uma a uma, juntou-as no seu seio divino e paternal... Tirou dali a estrela Dalva; filha do sofrimento e do amor.

Admirando a beleza de seu amor Ela, cansada da vigília da véspera, estende-se no leito, não sem antes ousar estender os braços pra Ele, e tocá-lo com a ponta dos dedos.Era sempre em vão.

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