terça-feira, 15 de novembro de 2011

Fotos.Fatos das Ruas.



Olhos fechados, perigo imenso, solto na rua o cão ladrava. Os passantes apavorados, esquivos, xingavam. Era um coisa ruim. Comia dedos, devorava almas. Estava doente. A baba escorria abundantemente ao canto da boca, escancarada, ofegante, cheia de dentes ferozes ou inofensivos. Deitou-se num canteiro de cactos, espinhosos como ele. Estava insone ,ferido, longe de casa.

O frio era imenso. As gotas de orvalho caiam em seu corpo franzino, delicado. Um contraste perfeito com sua alardeada agressividade.

-Bambino! Bambino!

As notas familiares trouxeram-lhe paz... Em minutos estaria em casa. Caminha quente. Parecia humano... Tantos mimos... As cobertas macias, comida agradável, bons donos, fiéis e cordatos. Olhou pra eles, um olhar difuso... Achegou-se até a janela. A chuva continuava e cães como ele estariam lá fora. Como ele não, ele tivera mais sorte. Tinha um lar. Aos cães abandonados ele volveu seus olhos lúcidos que ao encontrarem aqueles embotados pelas maldades do mundo, verteram lágrimas de dor, uma ainda maior do que a que sofrera na rua. A todo animal, a toda criança abandonada... Pede-se apenas LAR.

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